A Organização Mundial da Saúde define adolescente como o indivíduo que se encontra entre os dez e dezenove anos de idade, e no Brasil, a legislação, através Estatuto da Criança e do Adolescente, estabelece ainda uma faixa etária para menores de idade — dos 12 anos completos aos 18 anos, período durante o qual a pessoa nessa faixa de idade (legalmente considerada “adolescente”)

Puberdade

O marco principal da puberdade para os homens é a primeira ejaculação, que ocorre em média aos 13 anos. Para as mulheres, é o início da menstruação, que ocorre em média entre 12 e 13 anos. No século XXI, a idade média em que as crianças atingem a puberdade é menor em comparação com o século XIX, quando tinha 15 anos para meninas e 16 para meninos. Este é, possivelmente, devido aos produtos químicos em alimentos ou uma melhor nutrição.[6]

A consulta ginecológica da adolescente

Importante que o ginecologista faça o acolhimento em especial as adolescentes que estão sofrendo as transformações do próprio corpo e provavelmente tem muitas dúvidas.

A presença de pacientes adolescentes tem sido mais frequente nos consultórios ginecológico. Os principais motivos da consulta estão relacionados com o desenvolvimento da puberdade, distúrbios do ciclo menstrual, corrimento, vulvovaginites e contracepção. Embora essas situações clínicas sejam do conhecimento e manejo do ginecologista, quando a cliente é adolescente, é importante que o profissional, ao iniciar o atendimento, estabeleça uma abordagem empática que contribua para uma relação de confiança entre médico e paciente, permitindo que ela se sinta à vontade em discutir as questões relacionadas com o exercício da sexualidade.

A anamnese não difere de uma paciente adulta, no entanto alguns tópicos são relevantes, como a situação vacinal da adolescente. Os antecedentes sobre o ciclo menstrual precisam ser detalhados. Na ausência do estabelecimento da menarca, é importante avaliar se já houve o surgimento dos caracteres sexuais, sendo depois confirmados no exame físico segundo o estadiamento de Tanner. A idade da menarca, o padrão menstrual quanto ao intervalo, o volume e a duração do fluxo, e a data da última menstruação devem ser registrados. As adolescentes devem ser orientadas a anotarem seus períodos menstruais e, para isso, pode ser oferecido um calendário menstrual ou sugerido um aplicativo de controle do ciclo, disponíveis para smartphones. São frequentes as dúvidas e receios sobre a alteração menstrual após a menarca e o comprometimento da fertilidade futura. O esclarecimento sobre ser a situação frequente e na maioria das vezes fisiológica tranquiliza a mãe e a adolescente.

O exame físico deve iniciar pesando a adolescente, identificando a sua estatura e o índice de massa corporal (IMC), e aferindo a pressão arterial, a temperatura e o pulso arterial. Esse momento é oportuno para orientações sobre hábitos alimentares e prática de atividade física. A postura da jovem pode evidenciar constrangimento, vergonha e até medo. Adolescentes insatisfeitas com suas mamas podem inclinar o tronco para frente objetivando escondê-las. Na sequência, segue-se o exame das mamas, devendo cada etapa ser explicada para a adolescente, principalmente para aquelas que se consultam pela primeira vez, deixando o exame ginecológico para o final. Caso a paciente não queira realizar o exame ginecológico e a situação não seja uma urgência e/ou emergência, o exame poderá ser protelado para outro momento. É importante, no entanto, indagar sobre o porquê da relutância para ser examinada e esclarecer sobre a importância do exame. Independentemente da queixa principal ou do motivo da consulta, deve-se identificar o estágio do desenvolvimento puberal para as mamas e pelos, utilizando-se dos critérios de Tanner. Naquelas que ainda não tiveram menarca, a avaliação do status puberal e o exame da genitália externa são fundamentais para observar hímen e trato de saída, identificando precocemente, nesse caso, a possibilidade de uma imperfuração himenal ou outra malformação obstrutiva (fator de risco para Endometriose). Outras situações observadas no exame genital são os septos de hímen, cuja presença pode dificultar a inserção de absorventes internos ou mesmo causar desconforto e sangramento mais intenso na primeira relação. A presença da hipertrofia dos pequenos lábios pode ser motivo de dúvidas e às vezes de desconforto para as adolescentes.

A expressão marcante da sexualidade nas adolescentes e o início da vida sexual cada vez mais precocemente.

A sexualidade é um conceito multidimensional e compreende vários aspectos, incluindo o amor, as relações interpessoais, o comportamento social, as relações sexuais, o afeto, a feminilidade, a masculinidade e questões de gênero.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que a sexualidade é uma energia que motiva a busca do amor, o contato e a intimidade, e se expressa na forma de sentir e na maneira como as pessoas interagem.

A construção da sexualidade da adolescente irá balizar o seu comportamento sexual e é determinada por estímu-los que ela recebe desde o nascimento, vindos dos pais, da família e da sociedade. ) Em geral, esses estímulos são predeterminados pelas normas sociais que visam reafirmar o sexo biológico da criança.

Essas preferências parecem fazer parte de características geneticamente herdadas, que são moduladas pela ação dos esteroides sexuais no sistema nervoso central no processo do neurodesenvolvimento, que definem habilidades e características psíquicas individuais que influenciam o comportamento. De fato, a testosterona tem papel importante no neurodesenvolvimento e, potencialmente, esse hormônio influencia as diferenças de comportamento entre meninos e meninas.

SAÚDE MENTAL NA ADOLESCÊNCIA

A depressão na adolescência é uma condição comum, porém nem sempre diagnosticada. A incidência é maior em meninas, aumenta acentuadamente após a puberdade e, no final da adolescência, a taxa de prevalência de um ano excede 4%.

As ações nas escolas que visaram apenas à abstinência foram efetivas para reduzir em 15% o risco de iniciação sexual precoce. Os programas que vincularam as ações nas escolas com serviços de saúde reprodutiva e ações comunitárias são os que mais favoreceram a redução das taxas de gravidez na adolescência.

A Adolescência e a Sexualidade

A adolescência é um período marcado por impulsividade, inquietude, incertezas, experimentações e comportamento desafiador em meninos e meninas. No início da adolescência, os esteroides sexuais promovem modificações estruturais na genitália e ativam o sistema límbico, especialmente a área pré-óptica e a amígdala, que estão envolvidas na pulsão sexual. O mundo mágico dos adolescentes é isento dos riscos “atribuídos” pelos adultos e vai sendo construído seguindo a lógica de suas pulsões límbicas, o que favorece os  comportamentos de risco e a iniciação sexual precoce. A família é a base da construção da sexualidade, mas os adolescentes buscam segurança emocional nos seus pares e fidelizam suas ações ao seu grupo de convívio, que pode ser assertivo ou transgressor, sem a devida preocupação com os aspectos de prevenção.

Segundo o estudo Brasileiro PeNSE, 1/3 dos adolescentes inicia as relações sexuais com menos de 15 anos, muitos sem proteção e sem método contraceptivo. Um estudo com 202 estudantes de escolas públicas com idade entre 15 e 19 anos, sendo 69 (34,2%) homens e 133 (65,8%) mulheres. A média de idade da primeira relação pênis-vagina para 63,4% das meninas foi de 14,4 (12-17) anos, e 70 (82,4%) delas não usaram qualquer método contraceptivo na primeira relação sexual. Perguntadas sobre a motivação para iniciar a vida sexual, 69 (81%) delas referiram que era simplesmente porque “estavam a fim”. Juntando isso aos altos índices de relações sexuais sem métodos anticoncepcionais, a iniciação sexual parece ter ocorrido pela força da pulsão sexual dessas meninas, sem o devido preparo de educação sexual formal e sem a adequada prestação de serviços de saúde sexual para dar oportunidade a elas de conhecer os métodos contraceptivos(8) e as implicações de uma iniciação sexual precoce.

O ginecologista e obstetra (GO), tem papel fundamental nas ações que visam reduzir esses comportamentos de risco dos adolescentes para a prevenção de piores agravos como gravidez não planejada, infecções sexualmente transmissíveis, depressão, arrependimentos e múltiplos parceiros, que impactam negativamente na saúde sexual e geral dos adolescentes. O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) defende a participação dos GO inclusive em programas de Educação em Sexualidade, pelo amplo acesso que esse profissional tem a importantes aspectos da sexualidade da adolescente e da saúde sexual dos casais

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