A Dor pélvica crônica (DPC), condição que responde por 10% a 20% das consultas ginecológicas, tem um impacto negativo no curso de vida das mulheres em idade fértil, estando associada a reduzida qualidade de vida, sintomas depressivos, ansiedade, diminuição da produtividade no trabalho e reduzida satisfação sexual.
A DPC é definida como presença de dor originária de órgãos/estruturas pélvicas, tipicamente com duração maior que seis meses e está frequentemente associada com sintomas sugestivos de disfunções do trato urinário inferior, sexual, intestinal, assoalho pélvico, miofascial ou ginecológico.
Para ter uma noção dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos e indicar medidas para controle da dor, o Protocolo da Febrasgo n.2 dividiu a origem da DPC em: visceral, neuromuscular e psicossocial.
- Causas viscerais: incluem adenomiose, aderências pélvicas, congestão pélvica, doença inflamatória pélvica, endometriose, leiomioma, massa anexial, ovário remanescente, vestibulite e vulvodínia.
- Causas viscerais: disfunções intestinais (síndrome do intestino irritável e outras doenças inflamatórias intestinais, colite diverticular, doença celíaca, câncer colorretal ou sequela do seu tratamento) e urinárias (síndrome da bexiga dolorosa, infecção urinária crônica ou complicada, divertículo uretral, câncer de bexiga ou sequela do seu tratamento);
- Causas neuromusculares, há neuralgia (as do ilio-hipogástrico, ilioinguinal e pudendo são as mais comuns), síndrome miofascial, espasmo do levantador do ânus, bromialgia e epilepsia abdominal
- Causas psicossociais: desordens depressivas, de ansiedade, transtornos somatoformes e abusos
Independente da causa da dor pélvica crônica, a maioria das pacientes apresenta um evento comum: a sensibilização central, que compreende uma série de eventos que ocorrem no sistema nervoso central reduzindo significativamente o limiar de dor das mulheres e culminam numa percepção aumentada de dor.